terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Para Dirceu

Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.¹

Levaria-o para qualquer lugar que os passos comandassem
E encontraria na paz do silêncio das gentes
O verde dos pastos intercalado ao verde dos brejos.
E em todo o incomodar do mato e seus mosquitos,
A picar e pinicar onde encostavam,
Poderia deitar-me próximo de teu tédio
E perceber cada centímetro teu refletir o verde
Que me confundia se o chão ou a tua esperança
Se perdendo por todo ele.
E era tão bucólico e desfrutante o instante
Que permitia a nós perder o tempo dos segundos
E não ouvir, não falar, nem fazer nada
Apenas contemplar aquela finitude que envolvia,
Sem toda sua graça de outrora.
Mas permitia-nos brincar quais os mosquitinhos
Em seu zumbido doce e bobo,
E junto de tanta beleza nos enamorar.

¹ Tomás Antônio Gonzaga in Marília de Dirceu (Parte I, Lira XIX)

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