terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Timbriante

Foi o que me tornou esse homem
imediatamente simpático:
a espontaneidade¹
Divertido em excentricidade
Que cativa de longe um deslize em sorriso
Não era bem exato como imaginava
E pecava no silêncio e nas falas
Que por muitas vezes concretizava o perder-se
Sugante em apócope dos versos.
E tão delinearmente insólito
Em suas regras moles no tempo
Quebrava o âmbar que mantinha
A estrutura fixa e honrosa de exposição
Mantida em vácuo
Desejando o líquido que lhe preencheria.
Então fez-se apodítico para desfechar
E completar surdinamente a imagem oca
Pois era ele e só, sem mais complicações
Sem os remorsos dos dias sem ideias
De graças inconstantes.
Pois só ele ignorava as frases feitas
E os ritos de polidez¹
Com a graça elegante de encantar.

Marina Cangussu F. Salomão

¹Simone de Beauvoir in Os mandarins

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